8 de outubro de 2014

Ácido láctico




Ao contrário que muita gente pensa, o ácido láctico não é o “inimigo” no exercício físico.
Dentro desse contexto, é simplesmente o resultado da produção de energia em condições anaeróbicas (falta de oxigénio).
Exercícios de força e alta intensidade, que requerem uma resposta muscular bastante rápida, pedem “energia pronta a usar”.
Os processos oxidativos (que demandam oxigénio) são eficientes em produzir muita energia (ATP), mas relativamente lentos.
Quando queremos uma resposta rápida, tipo num sprint, usamos as fibras musculares anaeróbicas, de resposta pronta. Mas, neste caso, a produção de energia é menos eficiente, produzindo-se pouco ATP. Por isso (mas não só) não mantemos um sprint durante mais do que uns minutitos.
Já o ritmo relativamente intenso que normalmente mantemos numa prova usa a energia produzida com auxílio do oxigénio, mas a demanda é tão grande que também recorremos aos processos anaeróbicos, resultando em ácido láctico.
 O ácido láctico separa-se rapidamente em lactato e iões de hidrogénio. Estes iões aumentam ligeiramente a acidez nas fibras musculares, sendo um dos possíveis motivos das dores e da fadiga que sentimos.
No entanto, o lactato ainda tem muita energia. Este poderá ser utilizado para produzir mais ATPs, tanto nas fibras musculares das pernas, como no coração, por exemplo.
Quando treinamos a resistência melhoramos os processos aeróbicos de produção de energia – temos mais sangue oxigenado a circular pelos músculos e estes têm mais “fábricas de energia” oxidativa. Assim, dependemos menos dos processos anaeróbicos, produzindo-se menos ácido láctico.
Por isso os atletas medem a acumulação de lactato no sangue: este valor dá-nos uma indicação das nossas capacidades de resistência. Com o evoluir nos treinos, o limiar anaeróbico aumenta – quanto mais eficientes estão os processos de produção de energia aeróbica, menos ácido láctico produzirmos, uma vez que não é tão necessário.
Num próximo post, diremos quais os treinos mais adequados para aumentar o limiar anaeróbico, e para facilitar a eliminação do ácido láctico nos músculos.
 Constança Camilo-Alves
Artigos científicos consultados


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Westerblad, H., Allen, D. G., & Lännergren, J. (2002). Muscle fatigue: lactic acid or inorganic phosphate the major cause?. Physiology, 17(1), 17-21.

Sahlin, K., Tonkonogi, M., & Söderlund, K. (1998). Energy supply and muscle fatigue in humans. Acta Physiologica Scandinavica, 162(3), 261-266.

Brooks, G. A. (2007). Lactate. Sports Medicine, 37(4-5), 341-343.

Gladden, L. B. (2004). Lactate metabolism: a new paradigm for the third millennium. The Journal of physiology, 558(1), 5-30.

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