3 de fevereiro de 2015

Aumentar a resistência, Truque 1: menos antioxidantes



Há muito que ouvimos dizer que os anti-oxidantes fazem bem á saúde.
Então, quanto mais, melhor…ou não?


Anti-oxidantes são moléculas que limpam o organismo das moléculas oxidantes – os famosos radicais livres. Estes, os maus-da-fita, interagem com várias outras moléculas, num efeito de dominó – roubando e dando electrões e atrapalhando algumas funções bioquímicas
Há quem diga que envelhecemos à conta deles!

Muitos suplementos para atletas vêm carregadinhos de vitaminas anti-oxidantes. Isto porque quando praticamos treinos de resistência damos bastante uso ao sistema oxidativo de produção de energia, resultando também em muitos radicais livres chamados ROS (Reactive Oxygen Species).
Maus? Não é bem assim.

O exercício é uma forma de stress que impomos ao organismo. O que faz bem é a adaptação posterior a este estímulo. Trocando por miúdos, é aquilo que não mata (mas faz mal) que nos deixa mais fortes.
As moléculas ROS têm um papel relevante na adaptação ao exercício, pois em resposta ao aumento delas ocorrem as seguintes adaptações no nosso organismo:

1-      Produz-se mais mitocôndrias nos músculos – as “fábricas” de energia oxidativa. Quanto mais “fábricas”, mais energia conseguimos produzir pelos meios mais eficientes, melhorando a resistência nas provas.
2-      Estimula a capilarização: mais sangue a circular pelos músculos, mais oxigénio que chega aonde é preciso, melhorando a resistência nas provas
3-      Hipertrofia muscular, incluindo o coração: resultando em mais sangue a bombar…, e melhorando a resistência nas provas.
4-      Melhoria no transporte de glicose (açucares) – mais combustível disponível e…e… melhorando a resistência nas provas

Às restantes ROS em excesso, podemos confiar na nossa “equipa de limpeza” e na ajuda de alguns antioxidantes. Sim, alguns são bons, mas muitos são demais. Por exemplo, 1g de vitamina C pode ser prejudicial. Já 500mg fazem bem sem atrapalhar. Assim como até 400 IU de vitamina E. Mas mais, não.

Além das adaptações ao exercício, os radicais livres têm um papel relevante na saúde em geral. Eles são as armas dos nossos “soldados”. O sistema imunitário usa essas toxinas para se defender dos vírus e bactérias.
Estudos com mais de 200 mil pessoas revelou que quem tomava suplementos de antioxidantes, além de não serem mais saudáveis, apresentavam taxas de mortalidade superiores aos da população que não tomava.

Depois disto pode pensar que vitaminas antioxidantes fazem mal. Fazem, se for em excesso. Nas doses corretas fazem muito bem! Por isso, sugerimos que fuja das mega-doses, respeitando as doses diárias recomendadas, que têm de vir indicadas nos suplementos.

São estes os antioxidantes mais usados:

·         beta caroteno (precursor da vitamina A)
·         vitamina E
·         Vitamina C
·         Q10

Encontram-se naturalmente nos alimentos, em particular nas frutas e vegetais por isso, uma alimentação equilibrada dispensa os suplementos.
 Constança Camilo-Alves
Artigos científicos consultados:

Gross, M., Baum, O., & Hoppeler, H. (2011). Antioxidant supplementation and endurance training: Win or loss?. European Journal of Sport Science, 11(1), 27-32.

Peternelj, T. T., & Coombes, J. S. (2011). Antioxidant supplementation during exercise training. Beneficial or Detrimental? Sports medicine, 41(12), 1043-1069.

Stear, S. J., Castell, L. M., Burke, L. M., Jeacocke, N., Ekblom, B., Shing, C., ... & Lewis, N. (2010). A–Z of nutritional supplements: dietary supplements, sports nutrition foods and ergogenic aids for health and performance—part 10.British journal of sports medicine, 44(9), 688-690

Stear, S. J., Burke, L. M., & Castell, L. M. (2009). BJSM reviews: A–Z of nutritional supplements: dietary supplements, sports nutrition foods and Ergogenic aids for health and performance Part 3. British journal of sports medicine, 43(12), 890-892.

Wink, D. A., Miranda, K. M., Espey, M. G., Pluta, R. M., Hewett, S. J., Colton, C., ... & Grisham, M. B. (2001).  Mechanisms of the antioxidant effects of nitric oxide. Antioxidants and Redox Signaling, 3(2), 203-213

Baar, K. (2014). Nutrition and the adaptation to endurance training. Sports Medicine, 44(1), 5-12

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