4 de maio de 2015

Terminologia do ciclismo



Aqui explicamos as expressões utilizadas na fisiologia do desporto: Estes conceitos são bons preditores das capacidades dos ciclistas.





Metabolismo Aeróbico:

Processo de produção de energia necessitando da presença de oxigénio. Relativamente lento, mas muito eficiente – produz muita energia por cada molécula de glicose (açucar).



Consumo Máximo de Oxigénio, “VO2 max ”:

 Representa a quantidade máxima de oxigénio que conseguimos utilizar durante o exercício físico (litros de oxigénio por minuto) para produção de energia pelo metabolismo aeróbico. Atingimos este consumo quando as pulsações estão no seu máximo. Ciclistas profissionais têm valores próximos de 74 mL/kg/min de VO2 max.



Metabolismo Anaeróbico:

Processo de produção de energia sem a necessidade de presença de oxigénio. Rápido mas pouco eficiente. Resulta no aumento da produção de ácido láctico, que se separa rapidamente em iões de hidrogénio (que são ácidos) e lactato, que é transportado pelo sangue.



Limiares do lactato:

São dois e estão relacionados com a acumulação de lactato no sangue – Quanto mais intenso o treino, mais lactato temos a circular, pois estamos a produzir cada vez mais energia pelos meios anaeróbicos. Mas esse aumento não é linear, é em curva e há dois pontos desta curva que são fisiologicamente importantes.



Limiar Aeróbico - Anaeróbico: Este limite é usado para estabelecer o limite da zona de treinos de intensidade baixa para a moderada. Abaixo desse limiar, utilizamos essencialmente energia do metabolismo aeróbico. Acima do limiar já estamos a acrescentar energia do metabolismo anaeróbico.



            Limiar Superior da Fase Estável do Lactato (em inglês: Maximal Lactate Steady State “MLSS”): Este limite marca o ponto até onde é possível praticar exercício de resistência (endurance). Até aqui, embora o lactado aumente, mantém-se relativamente estável desde que a intensidade de treino seja constante. A partir daqui, mesmo que mantenhamos a mesma intensidade, o lactato acumula-se e vai aumentando, pois a remoção deste não acompanha a sua produção. Ou seja. Treinos acima deste limiar só se forem séries.

Um bom atleta aguenta cerca de 1hora neste limite, até se cansar. Os profissionais só atingem este limiar apenas a 90% da VO2 max.



Nota: os limiares têm vários nomes, e são usados de várias maneiras, para aumentar a confusão





1º Limiar Ventilatório:

 Quando começamos a hiperventilar. Normalmente pensamos que acontece por aumento da necessidade de oxigénio, mas está mais relacionado com a eliminação de CO2. Como já dissemos AQUI, a expulsão de CO2 pela respiração é uma das formas de controlar o PH do sangue, impedindo a acidose relacionada com os iões de hidrogénio resultantes do metabolismo anaeróbico. Assim, este limiar corresponde ao limiar aeróbico – anaeróbico.



2º Limiar Ventilatório, ou Ponto de Compensação Respiratório:

 Neste limiar, o aumento da hiperventilação não corresponde a aumentos proporcionais nas trocas gasosas, embora esteja também relacionado com a manutenção do PH do sangue. Corresponde ao Limiar Superior da Fase Estável do Lactato



Potência:

 É o resultado de uma força aplicada repetitivamente, resultando em velocidade (ou distância percorrida num dado período). Uma taxa de potência/ peso acima  de 5,5 Watts/kg é encontrada nos melhores ciclistas



Pico de Potência Relativo (em inglês: Peak Power Output, “Wpeak”):

O pico de potência relativo é a potência máxima que conseguimos manter durante 2-3 minutos de exercício cada vez mais intenso, até à exaustão. Também é um bom indicador da nossa capacidade de endurance



Eficiência/ Economia:

Energia que é realmente usada para produzir força. Por exemplo, da energia (na forma de ATP) gasta durante um evento de ciclismo, só cerca de 10 a 25% é realmente utilizada para pedalar. A restante é utilizada para manter o corpo a funcionar e é também desperdiçada sob a forma de calor. O Termo “Economia” usa-se, em particular, para relacionar o consumo de oxigénio com a potência gerada para pedalar.

 Constança Camilo-Alves



Artigos consultados:



Moseley, L., & Jeukendrup, A. E. (2001). The reliability of cycling efficiency. Medicine and science in sports and exercise, 33(4), 621-627.



Faude, O., Kindermann, W., & Meyer, T. (2009). Lactate threshold concepts. Sports Medicine, 39(6), 469-490.



Faria, E. W., Parker, D. L., & Faria, I. E. (2005). The science of cycling. Sports medicine, 35(4), 285-312.



Meyer, T., Faude, O., Scharhag, J., Urhausen, A., & Kindermann, W. (2004). Is lactic acidosis a cause of exercise induced hyperventilation at the respiratory compensation point?. British journal of sports medicine, 38(5), 622-625.



Hawley, J. A., & Noakes, T. D. (1992). Peak power output predicts maximal oxygen uptake and performance time in trained cyclists. European Journal of Applied Physiology and Occupational Physiology, 65(1), 79-83.



Bentley, D. J., McNaughton, L. R., Thompson, D., Vleck, V. E., & Batterham, A. M. (2001). Peak power output, the lactate threshold, and time trial performance in cyclists. Medicine and Science in Sports and exercise, 33(12), 2077-2081.

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