Para atingir
a boa forma, temos de ter uma boa estratégia de treinos que estejam bem
combinadas com o descanso e recuperação. E quando nos aproximamos do período competitivo,
a redução sistemática dos treinos é um aspecto chave para melhorar a nossa performance.
Essa redução
chama-se “tapering” em inglês
(afunilamento)
Como fazê-lo?
Reduzimos a duração, intensidade ou a frequência dos treinos? Devemos reduzir gradualmente,
ou de repente?
O que diz a
ciência?
Baseado principalmente
em estudos com atletas corredores, não há grandes dúvidas que o mais eficiente
é uma grande redução na duração ou frequência dos mesmos. Por exemplo, num
semana ir reduzindo até 85% o volume de treinos.
Durante esse
período de “tapering”, os atletas
estudados ganharam mais enzimas musculares (que ajudam na produção de energia),
mais volume e densidade sanguínea e mais glicogénio muscular – do que os
atletas que fizeram uma redução gradual no volume e frequência.
Ou seja, uma
redução rápida (na duração ou frequência) dos treinos estimula uma resposta
rápida aos mesmos. Essa redução inclui também 1 dia sem treinar.
E os estudos
específicos com ciclistas?
Estes também
confirmam os estudos com corredores.
Por exemplo,
em ciclistas que treinaram intensivamente durante 7 semanas (carga progressiva)
tipo 60 min. a 85-90% da frequência cardíaca máxima, 4x por semana: o melhor
programa de “tapering” foi manter a
intensidade (85-90%) mas reduzir a duração dos treinos: de 60 min, para 45, 35,
25 e 20 min.
Como resultado,
estes ciclistas melhoraram o seu tempo em provas de 45km.
Talvez vá um
pouco contra o que tem ouvido dizer por aí, que devemos reduzir a intensidade e
“rodar” mais as pernas. Mas a ciência diz explicitamente que o melhor “tapering” é reduzir a duração ou
frequência dos treinos, mantendo a intensidade.
E como saber
se está a resultar? É fácil, veja as suas sensações. Dorme melhor? Anda menos
cansado, sente mais força? É porque está a fazer bem.
Drª Constança Camilo-Alves
Artigos científicos consultados
MacDougall JD, Wenger HA, Green HJ,
editors. Physiological testing of the high-performance athlete. 2nd ed.
Champaign (IL): Human Kinetics Books, 1991: 107-73
Houmard J, Scott BK, Justice CL, et al.
The effects of a taper on performance in distance runners. Med Sci Exerc Sports 1994; 26: 624-31
Neary JP, Martin TP, Quinne HA. Effects of
taper on endurance cycling capacity and single muscle fiber properties. Med Sci Sports Exerc 2003; 35: 1875-81
Hooper SL, MacKinnon LT, Howard A, et al.
Markers for Hooper SL, MacKinnon LT, Howard A, et al. Markers for 1995; 27: 106-12
Daryl, L., and E. Faria Irvin. "The
science of cycling-Physiology and Training–Part 1." Sports Med 35.4: 285.
Sem comentários:
Enviar um comentário